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segunda-feira, 7 de março de 2016

Fogo atinge refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobras, no Texas

UHOUSTON - Um incêndio de grandes proporções atingiu a refinaria de Pasadena, no Texas, na manhã de ontem. A informação foi dada inicialmente pela Guarda Costeira dos Estados Unidos e foi confirmada no início da noite pela Petrobras, que comprou a unidade em 2006. Investigações sobre a compra da refinaria foram um dos pontos de partida da Operação Lava-Jato, deflagrada em março de 2014. Segundo jornais locais, o incêndio teria sido causado pela explosão de um gerador.

A estatal informou que o fogo começou na Unidade de Hidrotratamento de Diesel e que as causas ainda estão sendo investigadas. Segundo uma fonte informou à agência de notícias Reuters, três pessoas teriam ficado feridas por causa do acidente, uma delas em estado grave. A estatal, no entanto, confirmou que apenas um operador foi atingido no incêndio. A Petrobras informou que ele foi atendido no hospital local, tendo sido liberado horas depois.

De acordo com a consultoria Genscape, uma das unidades de Pasadena — com capacidade de produção de 35 mil barris de petróleo por dia — teria sido fechada. As demais unidades da refinaria, que tem capacidade total de 100 mil barris por dia, estariam operando normalmente. Segundo a Petrobras, no entanto, a refinaria continua operando de forma segura.

'BOMBA-RELÓGIO'

Uma parte do canal de navios de Houston ficou fechada por cerca de três horas devido à pesada fumaça negra gerada pelo incêndio. A brigada de incêndio da refinaria teria controlado as chamas, mas a polícia e os bombeiros do local permaneceram em alerta para dar suporte à equipe.

— Uma das pessoas teve queimaduras graves, mas acho que as demais não ficaram assim — afirmou uma fonte à Reuters.

Reportagem do jornal “Houston Chronicle” afirma que a licença federal de operação da refinaria teria expirado em 2014, ou seja, a unidade estaria operando de forma ilegal. O texto aponta ainda que a unidade tem um histórico de “violações significativas” da legislação americana, que teriam gerado multas no total de US$ 1,14 milhão pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A Petrobras, no entanto, informou que a refinaria opera com as devidas autorizações de funcionamento dos órgãos competentes.

“Todo mundo sabe que esse lugar é uma bomba-relógio”, disse ao jornal Mike Boydston, que trabalha há 16 anos na região e conheceu a refinaria em 2000. Ele garantiu que, naquela época, a manutenção já era ruim.

Morador da região, Max Rivera ouviu uma explosão por volta das 9h30m e sentiu tremores na sua casa. “Essa foi uma coisa grande, mas há pequenas situações acontecendo constantemente. É possível sentir o cheiro de produtos químicos durante a noite. Os alarmes tocam toda hora. Fico preocupado por morar aqui perto”, afirmou Rivera ao “Houston Chronicle”.

De acordo com a Petrobras, profissionais da refinaria e das autoridades locais “procederam ao monitoramento da qualidade do ar no entorno da refinaria e nenhum impacto exterior foi identificado".

Executivos da refinaria garantiram às autoridades locais não haver perigo para as pessoas do entorno e que não houve liberação de produtos químicos. Segundo a EPA, existem 20,9 mil residências em volta de Pasadena, com 24,5 mil crianças vivendo na área.

REFINARIA POLÊMICA

A compra da refinaria de Pasadena é considerada um dos negócios mais polêmicos da Petrobras. Em 2005, o grupo belga Astra comprou a refinaria por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, a estatal brasileira comprou 50% da refinaria e seu estoque de óleo por US$ 360 milhões. Por US$ 820 milhões, a Petrobras assumiu completamente a refinaria, em junho de 2012, após desentendimentos com o sócio. Ao todo, considerando as duas etapas da aquisição, a Petrobras desembolsou US$ 1,2 bilhão pela refinaria, incluindo despesas com o processo de arbitragem internacional.

Foi sob a gestão de Paulo Roberto Costa como diretor de Abastecimento que a aquisição foi aprovada. O ex-diretor foi preso na primeira fase da Operação Lava-Jato, em março de 2014, pela suspeita de envolvimento com uma quadrilha de lavagem de dinheiro.

Na época da aprovação da compra de Pasadena, o presidente da estatal era José Sérgio Gabrielli e a presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, estava à frente do Conselho de Administração da estatal. Fonte O globo